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Inteligência Artificial nas Escolas: Avanço ou Retrocesso na Educação?

A inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil, mas não pode substituir o processo educacional baseado no esforço humano. Para formar alunos realmente preparados, é essencial equilibrar o uso da tecnologia com métodos tradicionais de ensino, garantindo um aprendizado profundo e significativo.


A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente na educação, promovendo melhoria do aprendizado e facilitando a vida dos estudantes. Mas será que essa tecnologia realmente melhorará a formação dos jovens ou poderá trazer riscos ocultos? Embora a IA processe dados com velocidade impressionante, ela não possui inteligência real , apenas um algoritmo que organiza informações rapidamente. A educação personalizada, baseada no diálogo e na interação humana, continua sendo essencial para o desenvolvimento intelectual e emocional dos alunos.

A Superficialidade do Aprendizado Rápido

Estudos em neurociência indicam que o aprendizado eficaz exige tempo, reprodução e afeto . O médico e neurocientista Lamberto Maffei, em Elogio da Lentidão compromisso, destaca que a pressa no aprendizado exige a memorização e a capacidade de raciocínio profundo. Ferramentas de IA, como geradores de textos e apresentações automáticas, podem criar a ilusão de conhecimento, mas acabam prejudicando o pensamento crítico e a criatividade dos alunos. Sem esforço e reflexão, o aprendizado se torna superficial, resultando em um empobrecimento intelectual a médio e longo prazo.

O Perigo da Dependência e Manipulação Digital

Outro risco da IA ​​na educação é a manipulação da realidade . Com a capacidade de criar conteúdos falsos, editar imagens, áudios e vídeos, essa tecnologia pode distorcer informações e até ser usada como uma nova forma de “cola” acadêmica. Além disso, a padronização gerada por algoritmos pode sufocar a diversidade de talentos e habilidades individuais. Para evitar esse cenário, os professores podem adotar avaliações orais e incentivar o desenvolvimento de inteligências múltiplas, estimulando o pensamento crítico e a criatividade dos alunos.

Conclusão: Tecnologia com Consciência

A inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil, mas não pode substituir o processo educacional baseado no esforço humano. Para formar alunos realmente preparados, é essencial equilibrar o uso da tecnologia com métodos tradicionais de ensino, garantindo um aprendizado profundo e significativo. É preciso estar sempre recordando a todos os educadores as três fases do processo de aprendizagem de uma criança: 1a) Aquisição do conhecimento. Nesta fase, depois de uma boa explicação do professor ou mesmo de uma aula gravada, o aluno manifesta a alegria de ter entendido o conteúdo. Mas ainda não é o conhecimento propriamente dito. É apenas uma informação; 2a) Retenção do conhecimento. Nesta fase, a informação adquirida começa a ser interiorizada na memória semântica da pessoa, podendo depois ser mais facilmente lembrada numa prova, conversa ou explanação sobre o assunto. Para aumentar essa retenção é fundamental APRENDER A ESTUDAR CORRETAMENTE, por meio de esquemas, resumos, mapas mentais, retórica e outros instrumentos de memorização como a participação em feiras de ciências, teatros, construção de maquetes, etc. Oferecer lugares adequados, com silêncio e lugares confortáveis, podem favorecer essa retenção do conhecimento. 3a) Generalização do conhecimento: nesta fase, com a retenção na inteligência e memória da informação, será possível gerar novos conhecimentos. Somente aqui a junção da retenção do conhecimento com a criatividade imaginativa e a intuição humana poderão gerar novas ideias e produtos, muito mais ricos que a inteligência artificial produz. O futuro da educação não pode ser, portanto, limitado à rapidez e automação tecnológica, mas deverá estar sempre priorizando aquilo que somente a pessoa humana com toda a sua riqueza, estudo, leitura e a própria dignidade humana poderá gerar. Na maioria das vezes, essa produção do conhecimento será de forma muita lenta e reflexiva, contrastando com as meras máquinas pobres.